Portal CEN - "Cá Estamos Nós"
Revista Novos Tempos
Maio de 2013Sexto Bloco
| Odenir Ferror |
| Patrícia Dantas de Lima |
| Paulo Balôba |
| Priscila de Loureiro Coelho |
| Rozelene Furtado de Lima |
| Ruy Silva Santos |
| Särita Bárros |
| Sonia Nogueira |
| Sueli Bittencourt |
| Téka Castro |
| Thaiz Guedes |
| Vany Campos |
| Vera Lúcia Passos de Souza |
| Wilson de Jesus Costa |
ODENIR FERRO Rio Claro - Estado de São Paulo - Brasil
O MUNDO É O MESMO
Bem... Pois é! Ufa! O mundo não acabou! Ainda bem! Então, assim sendo, feliz bilhões de milênios para todos! Já pensaram? As nossas emoções, - no quanto se consternariam?! Nosso histórico de vida - tanto o pessoal quanto o social - seria o caos satisfatório do cão! Ou não? Creio que talvez nem mesmo para ele fosse interessante a destruição de tudo. Quantos inumeráveis amores sendo desfeitos - enquanto infinitivas inutilidades adjuntas, também seriam tragadas e trancafiadas nas profundezas dos infernos. No fundo mais profundo dos mares, há universos inatingíveis, insondáveis... A natureza, em grades porcentagens ainda é auto reciclável. Quando a Natureza resolve revidar-se - dando o seu tapa de mãos pesadas - contra nós, revidando-nos as agressões que a ela lhe fazemos - ainda que por bem, ela assusta-nos com apenas uma ínfima parte do que ela poderia usar da sua total potência - mediante aos incalculáveis estragos que ela poderia ao meio causar. Não daria mais tempo para os novelistas desenvolverem as tramas dos últimos capítulos da sua novela - pois as fantasias de nós todos se explodiriam juntamente com tudo. O Criador sempre soube e tudo olha tudo sabe - e as forças da Natureza estão submissas às Leis regidas por Ele: - quer alguns gostem, quer não. Bem,... E o Mundo? Esta Obra-prima maravilhosa criada pela sabedoria divina - não acabou, como alguns muitos núcleos de incultos insanos, dentro das suas frustrações e ódio sádico - desejaria que fosse. Quantos jogos de vaidades, de sedução, de poder, morreriam sufocados por si mesmos, em questão de segundos... Fico aqui a imaginar vagamente - nos muitos estragos que haveria. Tantos tesouros ainda inexplorados, inexploráveis, até - quantos enigmas, tantos outros mistérios indecifráveis, indesvendáveis... As essências totais das belezas planetárias sendo destruídas (pois toda a galáxia entraria em desarmonia) - as inumeráveis obras-primas que a imaginação e a inteligência humana construíram ao longo dos milênios. A arquitetura, os livros, as cidades, enfim - uma sucessão inquestionável de valiosas e preciosíssimas obras. Isto tudo descrito, sem contar com a Obra-prima maior que é a Natureza. Riquíssima em generosidade dadivosa em puro poder. Tem alguns segmentos da Humanidade que pensam que tudo podem que tudo sabem... Mas nada entendem do Todo que é Divino, que é Sagrado. Bem... E se Deus permitisse tantas tragédias a mais acima de nós: - Teríamos então, que repensá-Lo?! Reconduzi-Lo?! E daria tempo?
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ITABIRA DE DRUMMOND DE TODOS NÓS
Assim como, através de Minas Gerais, O Brasil exala os aromas de Itabira: Espalhados através da imortalidade De Carlos Drummond de Andrade!
Através da Poesia, atravessando o Tempo, Como se fosse uma lança divinal: na escrita, Inscrita na Eternidade, - através das origens Conservacionista de Itabira. De Drummond, De minas das Minas Gerais. Este abrasador Coração, pulsando amor. Amor pelo Brasil!
Itabira é ferro: que está na composição Do sangue dos brasileiros. Tudo é Arte! É Cultura da Poesia, na Política desta Fé!Assim como está na composição do sangue, O ferro, - o ferro concentra-se na composição Da couve. Planta que os mineiros, as mineiras, Gostam. E eu, também. E Ferro é Minério, E eu, também! Ferro está no sangue, que é Vida! E sangue, também está nas Histórias Das Histórias que são de Minas. Gerais...!
E de Minas, Itabira, das origens de Drummond De todos nós, com os seus, dos seus para nós, Concentram-se os Acervos Históricos Culturais!
ODENIR FERRO
Patrícia Dantas de Lima João Pessoa - PB
(Intimidades de uma escritora)
Intimidades de uma escritora, como ouso pronunciar, é o mundo em que vivo, que penso e que crio – ora, quantos quês! Há, dentro das palavras – digo agora, minhas palavras -, a superfície de um corpo que acode a dança das substâncias fragmentadas. Criei um impasse porque tenho uma história construída no interior desnudado da linguagem: minha forma de comunicação que parte de mim para o mundo, ou será algo centrípeto, que parte, célere, para o quadro inquieto de minha existência? Sou feita dos laços. Confesso que gosto mais, dos humanos; são os que encantam, machucam, fascinam e comovem a alma, como uma espécie de brisa que logo é transformada no redemoinho das palavras soltas. Imagino os lugares sem as pessoas ao redor, sem o surto das composições impensadas; sem as emoções que surgem às avessas; sem as explicações extravagantes; sem a face poética dos atores que as sentem, irresponsáveis de si, arrancados pelo apelo arredio da presença dos outros - os frequentadores do universo agitado pela turbulência dos vizinhos anônimos. Desses mundos paralelos que imagino, faço reais suas existências, busco a urgência maior das coisas: da música, da poesia, do enigma que é viver todos os dias; entender o descompasso do tempo que urge com a frequência despudorada da prostituta das ruas. Sim, as pessoas são as essências, os reveses, as simbioses. Compõem universos: dos loucos, normais, mortais, imortais; transeuntes do verão, caçadoras dos outonos e invernos gelados. Adoram, por assim dizer, contar os causos secretos do vizinho que é visto todos os dias às cinco da manhã, do quarto dos fundos; alguns, veem, inventam, outros, até imaginam as cenas que só existem esparsas e envolventes em suas crônicas diárias. Particularmente, desejaria escrever na maior parte do tempo, para ver o resultado da decomposição exausta da minha alma; do mundo exalando a solidão como sentença de morte; do meu quadro incomensurável de analista melancólica das palavras desorganizadas. Assim, penso que existo; que sou de formas, conjecturas, exigências que logo passarão, porque amanhã é necessariamente meu outro dia, e já não serão somente minhas inquietações à mostra... é um corpo nu, de charme diabólico, provocante, que brotará das fantásticas histórias que assombrarão o mundo real e palpável. Nas entrelinhas que descem e se escondem no fundo sombrio do papel, a mão logo é encontrada no fundo da raiz dos cabelos, à procura, de algo, do quê, do encontro de si, da pessoa-personagem com as palavras; não mais da ausência, do medo do não sentir. Escrever e descrever o que sinto, de forma suprema, como a eterna escritora que vive do mundo, em sua órbita de contos, novelas, ficções, crônicas e tudo que diz respeito à sua forma de existir.
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(Sonata ao infinito)
Sonata ao amor Sonata ao luar Sonata ao mundo Sonata à liberdade Sonata ao canto Sonata à dança Sonata ao humano
A paisagem, o luar o mar que bate ondas que bailam sintonia do ritmo embalo das palavras imagem do corpo, a pulsar a alma desnuda, à procura
Do infinito, a partida sem domínio de coisa alguma o murmúrio, o grito, a música e o som inconfundível da voz como o orvalho que cai ao fim do dia sem culpas, a causar delírio eis o romance, ao fim da sonata
Patrícia Dantas de Lima
Paulo Balôba Salvador-BA-Brasil
O homem que não acreditava em Deus
Andei pela vida desfrutando de muitas coisas até sentir uma magia no ar, porém não me dava conta de algo tão maravilhoso que estaria por vir, achava que era meu egocentrismo o motivo daquela energia que pairava sobre meu eu, e fui seguindo a vida… Andei por vilas, florestas, cidades, metrópole. Nas vilas estava só de passagem via casas, pessoas trabalhando e quando passavam de carro outras ficavam curiosas já que era difícil a presença de automóveis naquela região. Nas florestas passava uma semana contemplando a natureza tudo era muito bonito, mas não achava Deus. Procurei nos rios, nas cachoeiras, nas matas e não encontrava. Chegue à conclusão que Deus não existia, porém não deixava de sentir uma magia no ar. Votei para cidade, estava mais maduro, mas não o suficiente para entender o que estava fazendo da vida… Andava de um lado para o outro da cidade sem saber o porquê que vivia, ou melhor, sem buscar o sentido das coisas, porém uma energia não deixava de pairar no ar. Um dia entrei numa Igreja vazia e uma pessoa apareça e pergunta o que estava fazendo ali, falei que não sabia, mas que algo inexplicável tinha me levado aquele lugar, ele falou comigo para voltar em dias de culto, procurei saber os dias para retornar, porém não acreditava em Deus. Mas ali seria uma forma de me envolver socialmente. No primeiro dia em que fui para missa estava meio tímido porque nunca havia frequentado uma igreja, não estava acostumado com aquela ambiência, mas como sou fácil de fazer amizade logo me entrosei com alguns fieis e fui convidado para participar da preparação para primeira comunhão e batismo sacramento de iniciação para os cristãos, aceitei o convite e no primeiro dia do curso fiquei um pouco encabulado já que a idade média dos participantes eram de doze anos e nessa época eu tinha dezenove, mas superei esse desconforto e todos os sábados que eram dias do curso estava eu lá cedo, pois o curso começava às duas horas da tarde e eu chegava uma e meia para conversar com a turma… O tempo foi se passando e minha fé aumentando e comecei a participar de outros eventos dentro da igreja como, por exemplo, o ministério de canto em que ensaiávamos para cantar nas missas de sábados e domingos. Isso era muito divertido e alimentava minha fé cada vez mais como também a sede de Deus… Mas algo maior o senhor teria reservado para mim… E só através da caminhada juntos com os irmãos é que vamos descobrindo nossa real vocação. Mudei-me para a capital do estado em que vivia e nessa metrópole algo maravilhoso acontece em minha vida, lanço um livro com a experiência da minha busca inconsciente de Deus e um CD com composições minhas, fiz um teste vocacional resultando na minha entrada para o seminário, depois de sete anos de perseverança me torno um sacerdote… hoje posso dizer que encontrei Deus e passei a entender aquela magia que pairava no ar. Esse foi o maravilhoso acontecimento que estava por vir, hoje sinto a presença de Deus nas pessoas, nas águas, nas cachoeiras, nas florestas, nos pássaros e em todo lugar que meu coração e minha vista podem alcançar…
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Presente passado
Olho o passado com distorção, Se estou bem, foi maravilhoso Se estou mal, foi penoso O jardim antes grande Hoje pequeno Aquela pessoa que admirava Hoje continuo admirando Sem saber que era ela Que falava na radio Aquilo que meu irmão me fez, Esqueci os detalhes Nem circunstância, nem vez Um passado feliz, às vezes triste Antes muito era um pouco Hoje pouco é um muito Solidão com amigo não existe Solidão é a ausência de Deus Solidão é a ausência do passado Antes eu tinha força nos braços Hoje no meu estado... só mente Antes eu jogava bola bem Hoje jogo também, não faço gol Antes eu sonhava muito Hoje os sonhos não vêm
Paulo Balôba
Priscila de Loureiro Coelho Jacareí - São Paulo
As maravilhas de nosso cotidiano!
A cada fase que vivemos, cada momento que desfrutamos, cada época, idade e experiência, nos traz alguma coisa nova que podemos somar como saldo positivo em nossa jornada, mesmo quando aparentemente algo sugere a negatividade. Talvez a característica mais bela da vida seja a mutabilidade, o renovar constante, a perene novidade de nosso cotidiano e a suprema capacidade do ser humano em adaptar-se a mudanças. Conforme vamos desvendando o significado, o sentido de nossa caminhada, e deixando que cada relacionamento que nos surge na vida floresça em sua própria peculiaridade, que cada evento se externe e nos comunique sua mensagem, vamos nos encantando com a maravilha que é viver e descobrindo a sabedoria que subjaz cada acontecimento, seja ele em roupagem agradável ou não... Por vezes reflito se a verdadeira sabedoria não está na simplicidade do indivíduo que se deixa mergulhar na vida com olhos curiosos, com a mente receptiva ao que se passa a sua volta; tendo o coração escancarado, disposto a experimentar, sem receio e com a eterna confiança dos inocentes, todo sentimento que a vida nos oferece. Sem julgar, sem pré-conceitos, sem resistência alguma, apenas e tão somente experimentar, saborear e então descobrir, através da vivência, a riqueza e diversidade que compõe nosso cotidiano. A vida realmente é uma festa, como já afirmou um pensador de nosso tempo... E uma festa onde todos são convidados a participar, onde não há exigência de traje, de contribuição que onere, nem condição alguma que possa nos vetar o direito a participar. Apenas nos é sugerido que devemos usufruir, aproveitar e nos deliciar com o banquete oferecido... Então, há a possibilidade de descobrirmos dentro de nosso cotidiano coisas surpreendentes que poderão interferir em nossas escolhas e, assim, alterar nosso destino. Tive a sorte de contar em minha formação acadêmica com um professor que era, sem dúvida, uma pessoa brilhante, daquelas que nos seduzem pela simplicidade com que polvilham nossos momentos de estudo com prendas de inestimável valor, proporcionando-nos uma compreensão clara e objetiva de feitos e aspectos da vida, que nos consumiam horas e horas de reflexões infrutíferas... Como sempre tive a inclinação para o viés filosófico da vida, tão logo o conheci já me dispus a aproveitar ao máximo seus ensinamentos. Certo dia, estávamos em aula com o tão querido mestre e um colega levantou a questão da casualidade. E passou a discorrer sobre o acaso, o aspecto aleatório do andamento da existência, dentro de nosso dia a dia, como elemento decisivo que esbarra, sem cerimônia, com a vontade do indivíduo. Todo o grupo se animou e cada qual se manifestou, com uma propriedade impressionante, a respeito da casualidade... Depois de muito se conjeturar, e cada aluno colocar suas conclusões, brilhantes reflexões, nosso mestre, senhor já de certa idade, humildemente pediu a palavra. Possuidor de uma calma deliciosamente contagiante, e que até então apenas ouvia atentamente seus pupilos, transmitindo pelo brilho dos olhos um genuíno interesse pelos caminhos onde percorriam os pensamentos do grupo que liderava, esboçou serenamente um sorriso. Todos nós de imediato nos silenciamos e nossa atenção voltou-se para ele que, agora em pé, aproximou-se da lousa e escreveu a seguinte palavra: Natureza. Feito isso, dirigiu-se a nós e foi indagando a cada um de nós o que observávamos na natureza. O primeiro comentou sobre o rio e seu destino: o colega seguinte sobre a floresta, depois se falou sobre as flores, animais e assim por diante todos fomos pontuando as obras que a natureza realizava, culminando com o nascimento de uma criança e o fascínio desta “produção”! Após estas colocações e reconhecimento da sabedoria e perfeição com que a vida agia em sua criação, nosso mestre virou-se e perguntou: - Segundo a observação de vocês, tudo que mencionaram é criação perfeita da natureza, em que não foi preciso haver a mão do homem, a interferência do individuo, para que se realizasse. O homem atua, interfere sim, mas porque deseja alterar o que existe, não pode ele criar... Minha questão a vocês é a seguinte: - Tudo que mencionaram aqui e que ocorre com certa constância e regularidade é por ventura obra da casualidade? Fez-se um silêncio agradável. Na verdade, foi o silêncio mais rico em sonoridade que já pude experimentar... Sem mais nada dizer, calmamente nosso mestre dirigiu-se ao quadro e em frente à palavra Natureza, escreveu... Criador! Em questão de segundos tive a percepção exata do que significava nosso cotidiano: Um desenrolar sutil e harmonioso de fatos, eventos que nos convidam a buscar sintonia com o ritmo cósmico, uma certa ordem Divina, uma atividade serena e poderosa, única, que nos conduz aos resultados mais precisos e se transformam em realizações. O que pudemos aprender naquele dia foi algo interessante e verdadeiro. Nosso cotidiano é sem dúvida, a riqueza com que a vida nos presenteia, convidando-nos a mergulhar nele com atenção e sensibilidade, pois aí estão contidas todas as respostas que buscamos em nossa vida, é onde escrevemos, dia a dia,, nossa própria história. Assim, a grande dica parece apontar para que caminhemos atentos... Muito atentos ao nosso dia a dia!
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A dança dos astros
O ritmo cósmico secular Pulsa na cadência da eternidade Onde os astros parecem flutuar Em singela sincronicidade
Sintonizados no tempo das eras Como quimeras distraem a humanidade Enfeitando intenções puras e sinceras Distorcendo o ideal da liberdade...
Eis que as estrelas emergem na escuridão Então espalham sua claridade E toda a humanidade por intuição Reconhece a existência da Unidade!
Priscila de Loureiro Coelho
Rozelene Furtado de Lima Teresópolis - Rio de Janeiro
Adeus a um sonho Lágrimas estão prontas para brotar Sinto um aperto no peito Num cantinho me ajeito São lágrimas puras e quentes Que rolam como serpentes Vão salgando minha face, meu rosto Chega aos lábios um forte gosto De tempero salgado de saudade Prato servido na intimidade É choro, choro oposto ao riso Choro comprido de preciso Do aconchego amoroso ausente Do calor de colo presente De abraço forte apertado De coração compassado Como vara de violino em prece Que toca a corda e ela estremece Que ecoa no fundo da alma Que a mão acaricia enxugando com a palma É lágrima de que não me envergonho É choro de adeus a um sonho
Ruy Silva Santos Sorocaba/SP/BR
Chagas
As chagas na pele Que o chicote provocou, Não traduzem toda amargura Que o negro carrega No semblante triste
Os maus tratos impingidos Ao escravo negro; A distância da terra natal E a separação das pessoas amadas, Doem muito mais.
Mas, ele, obstinadamente, Persegue o seu ideal: Não se render, Não se dobrar, Se vendido, sim; Vender-se jamais.
Ainda é difuso o ideal maior: A liberdade plena.
Escondido em estranha neblina, O vulto desta liberdade Dilui-se... Mas ele está lá...!
Os anos caminham lentos. Perseverante, olhos no futuro, O negro verá, um dia, Raiar o sol Da outra meia liberdade.
Ruy Silva Santos
Särita Bárros Bagé/RS/BR
Mãe
É o copo d’água fresca quando a sede nos atormenta. É o apoio quando começamos a caminhar e o lenitivo em qualquer hora. Mãe é a compressa fria na testa e a bolsa quente nos pés. É o cuidado sem limites. O amor que não aprisiona e o conselho na medida certa. Mãe é a advertência que não machuca e o elogio sem medidas. É o chá com limão e mel quando o nariz escorre e as gotinhas salvadoras misturadas com amor e água quando um mal nos acomete. Mãe é a comida que gostamos a nos esperar, quente e cheirosa. É o chimarrão no ponto, quando chegamos com a cabeça fervilhando e o corpo moído. Mãe é o estar sempre à disposição. É topar qualquer programa, mesmo que seja ficar com os netos, quando já havia combinado tomar chá com as amigas. Mãe é o abraço amoroso e verdadeiro. É o brilho que surge nos olhos quando nos enxerga. O beijo leve brisa que acarinha e conforta. O leite morno com canela antes de irmos para a cama. Mãe é a rosa que se despetala, em plena florada, para nos cobrir de perfume.
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Maio sem Mãe
Havia um brilho morrendo-se Por de dentro dos seus olhos E não pude criançá-lo.
Ela foi passarinhando-se Até a alma bater asas.
Särita Bárros
Sonia Nogueira Fortaleza CE Brasil
Os Opostos se Atraem?
Acredito que não. Só na física. Na realidade os opostos vivem em luta constante, apresentando valores não aceitos entre si. Cada pessoa é diferente, com gostos variados, e comportamento de rejeição em ralação ao outro. Há gostos relacionados ao homem, exclusivos dos homens e que a sensibilidade feminina aceita por simples convenção. Mas, existem comportamentos e atitudes que se chocam entre casais. As brigas são constantes, opiniões diferentes, projetos de vida adversos. O relacionamento conjugal se torna uma tortura. Um gosta do campo o outro de praia; um quer um filho o outro quer quatro; um é moralista o outro relaxado; um conserva a dignidade o outro ridiculariza se apóia no modernismo vulgar; um quer sair todo fim de semana com amigos, outro quer companhia; um aceito diálogo, outro detesta conversa fiada... Em vez dos laços afetivos se estreitarem a cada dia, surge uma corda com nós que nunca conseguem desatá-los. Li numa reportagem e tenho até um filme da vida da Lady Diana e o Príncipe Charles. Os dois não combinavam em muitas coisas. Ela era temperamental, ele um gentleman, ela gostava de balada, ele de músicas clássicas, ele ia para a caça, ela detestava etc. viviam mais separados do que juntos e chegou o fim da união. Os acertos devem ser feitos no período do namoro. Mas, às vezes a paixão é tamanha que as palavras somem, os projetos fogem do pensamento e o corpo a corpo fala mais alto. Quando dão por canta o caminho percorrido fica desconhecido, estranho e insuportável. Vêm as lágrimas num, a bebida no outro, e, os fatos, em vez de solução, criam problemas intransponíveis, frustrações, perda de confiança na capacidade das escolhas. Assisti de perto alguns casos e vi como somos vulneráveis aos fracassos amorosos. Hoje, mais do que ontem, e mais amanhã. Com esta lavra de liberdade e pressa que estamos vivendo.
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A Última Folha II
A folha qual mensagem vai seguindo, Na busca da alvorada vem ternura, Adentra em tua sala e ver-te rindo, Lampejo de amizade com doçura. A chuva vai molhando devagar Até que umedeça em fértil terra A vida, e vai regando em pleno ar, Fazendo da distância clima e serra. Cortando do caminho encruzilhado, Plantando nos jardins cravo e jasmim, Perfume que inebria o chão molhado. Regando na semente meu jardim Pra nunca acabar o canto enredo, Do som da tua calma sempre assim.
Sonia Nogueira
Sueli Bittencourt Florianópolis SC Brasil
PERPETUANDO A PAZ
Vamos perpetuar a paz. Guerra nunca, nunca mais!... Violência é própria de irracionais.
Usemos poderes dados aos humanos. O poder de lógica ao raciocinar, O poder de falar, de pensar, de ponderar...
Sem ganância, sem fanatismo, sem ódios... De consciência e espírito elevados, Agindo com bom senso e solidariedade...
Em benefício de tudo e de todos, Para o bem de toda a humanidade, Digamos então em alto brado:
GUERRA NUNCA, NUNCA MAIS, QUEREMOS PERPETUAR A PAZ!!!
Sueli Bittencourt
Tereza Cristina Gonçalves Mendes Castro ( Téka Castro ) São Paulo - SP - Brasil
Fins dos tempos
A Natureza se revolta com as humanas atitudes O que deixaremos para à Juventude? Canibalismos ocorrendo na África, na Coréia do Norte, A sorte de filhos sendo lançada por alguém. Além do mais, a vida se transforma, os recursos naturais, Extraídos ao acaso pela ganância humana. O consumo exagerado das pessoas, o tempo que não será mais capaz De refazer a vida. Animais extintos, consumidos pelo lucro, levados das Matas Silvestres, E, embalsamados por colecionadores idiotas. Isso me revolta!!! A Natureza chora, declara as suas catásfrofes, Invade por ironia, Já que o Homem esquece que ela de Deus é a maior poesia. Temos que refletir, Mudarmos rapidamente nossa maneira de agir. " Deus tudo perdoa, o homem pode até perdoar, mas a Mãe Natureza, jamais perdoará o que de mal à ela fizermos!"
Téka Castro
THAIZ GUEDES
BRASIL
VIDA DE FEIRANTE
CORRE... CORRE... CORRE... QUE O TEMPO VEM VINDO, AS HORAS AVISAM TIC TAC... TIC... TAC! CINCO DA MANHÃ! ACORDA... LEVANTA, CAFÉ COM PÃO, PORTA A FORA, HORA DE TRABALHAR, ÔNIBUS LOTADO, SANDÁLIAS GASTAS, FRUTAS FRESQUINHAS, CLIENTES À VISTA, OLHA A MAÇÃ! OLHA A GOIABA! VENCE QUEM GRITA MAIS FORTE, É HUM REAL FREGUESA! E A NOITE CHEGA, PARA DESCANSAR... CORRE... CORRE... CORRE...
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PARQUE DE DIVERSÕES
QUERO EMARANHAR-ME EM SEUS BRAÇOS ESQUECER-ME DA HORA, DO MUNDO LÁ FORA. E NESSA UTOPIA, NA BUSCA DO PRAZER... VAMOS FUGIR! PARA ALÉM DO HORIZONTE, GOZARMOS UM MUNDO SÓ NOSSO, UM PARQUE DE DIVERSÕES. MONTADO EM QUATRO PAREDES, ENTRE RISOS E BRINCADEIRAS O CORAÇÃO ACELERA... COM A EXPLOSÃO DO PRAZER TOTAL. PORÉM, A FANTASIA TERMINA... A REALIDADE CRUEL IMPERA NO DIA A DIA... E SABE-SE LÁ QUANDO MONTAREMOS NOSSO PARQUE DE DIVERSÕES!
THAIZ GUEDES
Vany CamposPorto Alegre - RS - Brasil
CONVITE
Quero tocar teus olhos Acariciar teus desejos Tecer fios em movimentos Namorar teus intentosNo fulgor das horas Sentir-te transparente Para vivificar meu sonho.
Não permitas sombras sobre nós Nem nesse esplendor que nasce No tempo que haverá de permanecer Na magia de tua imagem De sermos como duas faces Que brindem afetos e promessas. Na arena escolhida dos sonhos.
Vera Lúcia Passos de Souza Salvador BA Brasil
Meu horizonte
Meu horizonte transita as galáxias, belisca outros rincões Sobrevoa nuvens branquinhas perdidas no espaço Mergulha nas profundezas da Terra, à procura do aço Arrebenta o ferro das correntes do passado Os centros urbanos são castelos do lixo, o homem bagaço Seco, apodrecido, espoliado, vive seu inchaço Eu quero luz; fugir nos meus passos. Enxadas fogem dos campos, atravessam estradas Hibernam sedentos nas periferias abandonadas Meu horizonte devassa a podridão dos becos, prostíbulos... Navega nos nimbos, no vácuo, beija a Ionosfera. Meu horizonte flutua mares,Oceanos, altiplanos Cria asas, volita como pássaros de arribação Sem rumo, sem referência, cigano, sem nação Invade florestas, lagos, cumes, Torres de Babel Não há limites, fronteiras, idiomas, raças; só no papel. Vadia nos desertos, caçando oásis, costumes, verdumes... Na certeza que solo abaixo, mora água, ouro vivo. Encontra silêncio, sapiência, pequenez, no céu Nesse horizonte sou tuaregue, beduíno, menino de cro magnon Sou quase nada nessa imensidão, partícula, célula, verme... Talvez o cerne hibernado da futura evolução.
Wilson de Jesus Costa Brasil
Jamais
Jamais me amarás como te amarei Jamais me beijarás como te beijarei Jamais me abraçarás como te abraçarei Jamais me desejarás como te desejarei
E no passar dos dias após dias minha chama Chama de amor profundo, creias meu amor! Esse amor incendiará o mundo, eis um drama E teu coração sentirá do meu, intenso calor...
Jamais esquecerei: viver a vida é sonhar Sonha-se o ontem, o hoje, o amanhã que virá Então, perambulo na esquina da paixão a amar;
E qual um Romeu não pronto para a morte Ficarei à espera dizendo: ela jamais virá Bebendo do veneno da minha falta de sorte...
Wilson de Jesus Costa
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