Uma história de superação.

De paciente a fisioterapeuta

Vítima de traumatismo craniano, Cintia Lessa Lima dá a volta por cima e lança livro

Bruno Folli, iG São Paulo

Foto: Bruno Folli / iG São Paulo
Cintia Lima e Fernando Campos no lançamento do livro, no Hospital do Servidor Público
A fisioterapeuta Cintia Lessa Lima sentiu na pele como é estar no outro lado da reabilitação. Ela sofreu um traumatismo no crânio ainda criança, aos seis anos, e só foi deixar as visitas constantes a clínicas na adolescência.
Após o trauma, ela chegou a passar 44 dias internada e foi submetida a uma delicada cirurgia, pois seu cérebro havia sido afetado. Funções motoras e fala estiveram ameaçadas.
A rotina da família mudou completamente e foi tomada por inúmeras dúvidas e incertezas sobre a recuperação da menina. O déficit motor pôde ser amenizado, embora não completamente eliminado.
“Foi preciso aprender a viver com alguma limitação”, conta ela. Recentemente, Cintia transformou sua dissertação de mestrado no livro “Exercícios e Posturas – Para o paciente com sequelas de acidente vascular cerebral e outras doenças neurológicas”, publicado em parceria com seu orientador, o neurocirurgião Fernando Campos Gomes Pinto.
O livro usa linguagem simples para familiares e cuidadores de pessoas que tiveram AVC. “São dicas para o período de recuperação”, revela o médico. O material é apresentado na forma de ilustrações, com textos curtos e, em grande parte, editado em tópicos.
“Existem detalhes simples e que podem fazer toda a diferença na recuperação motora do paciente”, ressalta Gomes Pinto. “O membro afetado – um braço, por exemplo – não pode ficar sempre caído. Ao menos ao deitar, ele deve ser colocado mais alto para facilitar o retorno do sangue venoso (sem oxigênio)”, exemplifica o neurocirurgião.
Primeira impressão
Ainda com déficit motor e problemas de fala, Cintia conta que a primeira impressão de seus pacientes é de medo. “Poxa, uma fisioterapeuta com deficiência”, diz ela.
Mas o receio não demora a passar. No lugar dele, surge uma certa empatia pelo fato da terapeuta conhecer o processo de recuperação não só por meio de livros, mas por experiência própria. Ela sabe a angústia e as dúvidas que assombram pacientes e familiares.
Na prática clínica, Cintia e seu orientador notaram que muitos cuidados básicos não eram praticados por familiares de pacientes. “E percebemos que isso não está ligado à condição social ou ao acesso à informação”, ressalta Gomes Pinto.
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“Muita gente não sabe que ficar parado na mesma posição gera escaras (feridas). Elas podem infeccionar e prejudicar muito o quadro do paciente”, alerta Cintia. “São coisas simples. É isso que queremos ensinar com o guia”, diz o médico.
Outro problema comum, cita Cintia, acontece nos ombros. O paciente pode perder sensibilidade e capacidade de movimentar os ombros após um AVC. “Ele não percebe quando alguém, um familiar, força demais o ombro para ajudá-lo a se levantar”, conta a fisioterapeuta. E isso aumenta o risco de lesões.
Essa e outras dicas estão detalhadas e ilustradas no livro, que pode ser encontrado em livrarias diversas por R$ 40.

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