Observação: Esta pesquisa foi realizada pelo escritor e admirável amigo: Carlos Ribeiro, do Cá Estamos Nós.
O
Sabão
O sabão é um produto
detergente obtido pela mistura de um
álcali e um corpo graxo, e que serve para
a limpeza geral. As primeiras evidências de um
material parecido com o sabão, registadas na
história, foram encontradas em cilindros de
barro, datados de aproximadamente 2.800 antes de
Cristo, durante escavações da antiga Babilónia.
As inscrições revelam que os habitantes ferviam
gordura juntamente com cinzas, mas não mencionam
para que o "sabão" era usado. Tais materiais
foram mais tarde utilizados como pomada ou para
pentear os cabelos. Conhece-se uma tábua de
argila datada de 2200 antes de Cristo, na qual
foi escrita uma fórmula de sabão contendo água,
álcali e óleo de canela-da-china. O Papiro de
Ebers (Egipto, 1550 antes de Cristo) indica que
os antigos egípcios se banhavam regularmente e
combinavam óleos animais e vegetais com sais
alcalinos para criar uma substância semelhante
ao sabão. Os documentos egípcios mencionam o uso
de uma substância saponária na preparação da lã
para a tecelagem. Já os antigos romanos em geral
ignoravam as propriedades detergentes do sabão.
Para limpar a pele, usavam o strigilis para
raspar do corpo a sujeira e o suor. A palavra
"sabão" (sapo, em latim) aparece pela primeira
vez na Naturalis Historia, de Plínio, o Velho,
ao discutir a produção de sabão a partir de sebo
e cinzas, mas o único uso que regista para o
produto é numa pomada para o cabelo; em tom de
desaprovação, menciona que entre os gauleses e
germanos os homens costumavam utilizá-lo mais do
que as mulheres.
De acordo com uma antiga
lenda romana, o sabão tem a sua origem no Monte
Sapo, onde eram realizados sacrifícios de
animais em pilhas crematórias. Quando chovia, a
água arrastava uma mistura de sebo animal
derretido com cinzas, para o barro das margens
do Rio Tibre, onde as mulheres lavavam as suas
roupas. Elas terão percebido que, ao usar esta
mistura de barro, as roupas ficavam muito mais
limpas, com um esforço muito menor.
Dois
processos são utilizados pela indústria da
saboaria: por um lado, o processo clássico, que
submete à saponificação (Hidrólise por meio de
uma solução alcalina em excesso, os óleos e
gorduras animais e vegetais, assim como certos
subprodutos separados durante a refinação dos
óleos destinados à alimentação e chamados “óleos
ácidos”; por outro, o método moderno que parece
ser o preferido, neutraliza os ácidos graxos
fornecidos seja pela estearinaria, seja pelos
novos processos de síntese orgânica. Estes se
devem à oxidação de frações parafínicas
provenientes da indústria petrolífera,
submetidas à ação do oxigénio atmosférico, seja
em presença de catalisadores como dióxido de
manganês ou permanganato de potássio, seja por
este meio de radio indução. A saboaria e a
estearinaria recorrem às mesmas matérias-primas,
e os sabões, obtidos pelo processo clássico de
saponificação ou por saturação alcalina dos
ácidos graxos fornecidos pela estearinaria são
intercambiáveis. As misturas de ácidos graxos
resultantes da hidrólise podem, eventualmente,
ser faccionadas para levar à obtenção de sabões
com propriedades particulares em vista de seu
emprego em casos especiais, como por exemplo:
sabões líquidos para a lavagem das mãos. A
saponificação leva a submeter a matéria-prima
oleaginosa à ação de uma solução (lixívia)
alcalina. Mas as duas fases óleo o água não são
miscíveis. Para desencadear a reação, deve-se
formar uma emulsão que garanta o contacto íntimo
das duas fases, seja pela introdução de um
adjuvante (neste caso o negro proveniente de uma
operação anterior, como ocorre no processo
marselhês) seja por uma ação mecânica, adotada
pelos diferentes métodos modernos; centrifugação
(processo Scharples); circulação das duas fases
em contracorrente, repetida diversas vezes
(processo Alfa-Laval); homogeneizador alimentado
por bombas volumétricas, e circulação da emulsão
finíssima através de um tubo de reação onde ela
se propaga de alto para baixo.
O sabão bruto
deve ser aumentado por adição de sal marinho
para libertar-se da fase aquosa, que contém
impurezas, mas sobretudo glicerina. Esta
representa em média 10% do peso da matéria-prima
e, até a época recente da sua síntese, a
saboaria foi, junto com a estearinaria, a sua
única fonte. O sabão é lavado com água salgada,
depois com água doce para desembaraçar-se do
excesso de lixívia alcalina, embora uma ligeira
alcalinidade seja necessária à sua boa
conservação. Em seguida é secado, por uma
passagem sobre um tapete rolante numa estufa
cilíndrica, e finalmente acondicionado segundo
seu destino.
Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande –
Portugal
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