Dislexia, como auxiliar nossos alunos, filhos,...

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                     Como interagir com o disléxico em sala de aula

Uma educação para  todos precisa valorizar a heterogeneidade, pois, a diversidade dinamiza os grupos,
enriquece  as  relações  e  interações,  levando  a  despertar  no  educando  o  desejo  de  se  comprometer e
aprender. Desta forma, a escola passa a ser um lugar privilegiado de encontro com o outro, para todos e
para cada um, onde há respeito por pessoas diferentes. 
É  na  escola  que  a  dislexia,  de  fato,  aparece. Há  disléxicos  que  revelam  suas  dificuldades  em  outros
ambientes  e  situações,  mas  nenhum  deles  se  compara  à  escola,  local  onde  a  leitura  e  escrita  são
permanentemente utilizadas e, sobretudo valorizadas.  Entretanto, a escola que conhecemos certamente
não  foi  feita  para  o  disléxico.  Objetivos,  conteúdos,  metodologias,  organização,  funcionamento  e
avaliação nada têm a ver com ele. Não é por acaso que muitos portadores de dislexia não sobrevivem à
escola e são por ela preteridos. E os que conseguem  resistir a ela e diplomar-se o  fazem, astuciosa e
corajosamente,  por meio  de  artifícios,  que  lhes  permitem  driblar  o  tempo,  os modelos,  as  exigências
burocráticas, as cobranças dos professores, as humilhações sofridas e, principalmente, as notas. 

Neste contexto, o educador deve estar aberto para lidar com as diferenças, e como Frederic Litto, da
Escola do Futuro da USP coloca, deve ser um estimulador do prazer de aprender, um alquimista em
fazer o aluno enxergar o “contexto“ e o “sentido” e, um especialista em despertar a auto-estima.
Para  que  isto  ocorra,  deve  transformar  a  sala  de  aula  em  uma  “oficina”,  preparada  para  exercitar  o
raciocínio, isto é, onde os alunos possam aprender a ser objetivos, a mostrar liderança, resolver conflitos
de  opinião,  a  chegar  a  um  denominador  comum  e  obter  uma  ação  construtiva.  Sob  este  prisma,  a
interação  com o aluno disléxico  torna-se  facilitada, pois, apesar do distúrbio de  linguagem, este aluno
apresenta  potencial  intelectual  e  cognitivo  preservado;  desta  maneira  estará  sendo  estimulado  e
respeitado, além de se favorecer um melhor desempenho. 

A seguir estão algumas atitudes que podem facilitar a interação: 
•       Dividir a aula em espaços de exposição, seguido de uma “discussão” e síntese ou jogo pedagógico; 

•  Dar “dicas” e orientar o aluno como organizar-se e realizar as atividades na carteira;

•  Valorizar os acertos;

•  Estar atento na hora da execução de uma tarefa que seja realizada por escrito, pois, seu ritmo pode
ser mais lento, por apresentar dificuldade quanto à orientação e mapeamento espacial, entre outras
razões;

•  Observar como ele faz as anotações da lousa e auxiliá-lo a se organizar;

•  Desenvolver hábitos que estimulem o aluno a fazer uso consciente de uma agenda, para recados e
lembretes;

•  Na  hora  de  dar  uma  explicação  usar  uma  linguagem  direta,  clara  e  objetiva  e  verificar  se  ele
entendeu;
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•  Permitir nas séries iniciais o uso de tabuadas, material dourado, ábaco, e para alunos que estão em
séries mais  avançadas, o  uso  de  fórmulas,  calculadora, gravador  e  outros  recursos,  sempre que
necessário;

  É  equivocado  insistir  em  exercícios  de  “fixação“:  repetitivos  e  numerosos,  isto  não  diminui  sua
dificuldade.

Levando-se em conta que o ensino, a aprendizagem e a avaliação constituem um ciclo articulado, deve-
se para isso cumprir quatro perspectivas importantes:
•     Ser formativa
•  Ser qualitativa
•  Ser construtivista
•  Multimeios

A inclusão do aluno disléxico na escola, como pessoa portadora de necessidade especial, está garantida
e orientada por diversos textos legais e normativos. 
A lei 9.394, de 20/12/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), por exemplo, prevê: 
- que a escola o  faça a partir do artigo 12,  inciso  I, no que diz respeito à elaboração e à execução da
sua Proposta Pedagógica;
- que a escola deve prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento (inciso V); 
- que se permita à escola organizar a educação básica em séries anuais, períodos semestrais e ciclos,
alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e
em outros critérios, ou por forma diversa de organização (artigo 23);
-  que  a  avaliação  seja  contínua  e  cumulativa,  com  a  prevalência  dos  aspectos  qualitativos  sobre  os
quantitativos e dos resultados ao longo do período (artigo 24, inciso V, a alínea a). 
Diante de tais possibilidades, é possível construir uma Proposta Pedagógica e rever o Regimento Escolar
considerando o aluno disléxico. 

Na Proposta Pedagógica existem as seguintes possibilidades: 
a)  Provas  escritas,  de  caráter  operatório,  contendo  questões  objetivas  e/ou  dissertativas,
realizadas individualmente e/ou em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte; 
b)  Provas orais, através de discurso ou argüições, realizadas individualmente ou em grupo, sem ou
com consulta a qualquer fonte; 
    c)  Testes;

d)  Atividades  práticas,  tais  como  trabalhos  variados,  produzidos  e  apresentados  através  de
diferentes  expressões  e  linguagens,  envolvendo  estudo,  pesquisa  criatividade  e  experiências
práticas, realizados individualmente ou em grupo, intra ou extra classe; 
e)  Diários; 
f)  Fichas avaliativas;
g)  Pareceres descritivos; 
h)  Observação  de  comportamento,  tendo  por  base  os  valores  e  as  atitudes  identificados  nos
objetivos da escola (solidariedade, participação, responsabilidade, disciplina e ética).  

É  importante  manter  a  comunidade  educativa  permanentemente  informada  a  respeito  da  dislexia.
Informações sobre eventos que tratam do assunto e seus resultados, desempenho dos alunos portadores
da  dislexia,  características  desse  distúrbio  de  aprendizagem, maneiras  de  ajudar  o  aluno  disléxico  na
escola, etc.
Não é necessário que alunos disléxicos  fiquem em classe especial. Alunos disléxicos  têm muito a
oferecer para os colegas e muito a receber deles. Essa troca de humores e de saberes, além de afetos,
competências e habilidades só faz crescer amizade, a cooperação e a solidariedade. 

O diagnóstico de dislexia traz sempre indicação para acompanhamento específico em uma ou mais áreas
profissionais  (fonoaudiologia,  psicopedagogia,  psicologia...),  de  acordo  com  o  tipo  e  nível  de  dislexia
constatado. Assim sendo, a escola precisa assegurar, desde  logo, os canais de comunicação com o(s)
profissional(is) envolvido(s), tendo em vista a troca de experiências e de informações.    3

Os  professores que  trabalham  com  a  classe  desse  aluno(a)  devem  saber  da  existência  do  quadro  de
dislexia. Quanto aos colegas, o critério é do aluno: se ele quiser contar para os companheiros que o faça.

Possíveis Dificuldades Enfrentadas Pelos Educadores:
•  Não  há  receita  para  trabalhar  com  alunos  disléxicos.  Assim,  é  preciso  mais  tempo  e  mais
ocasiões para a troca de informações sobre os alunos, planejamento de atividades e elaboração
de instrumentais de avaliação específicos;
•  Relutância inicial (ou dificuldade) por parte de alguns professores para separar o comportamento
do aluno disléxico das suas dificuldades;
•  Receio  do  professor  em  relação  às  normas  burocráticas,  aos  companheiros  de  trabalho,  aos
colegas do aluno disléxico, familiares, etc.;
•  Angústia do professor em  relação ao nível de aprendizado do aluno e às suas condições para
enfrentar o vestibular; 
•  Tempo  necessário  para  cada  professor  percorrer  a  sua  trajetória  pessoal  em  relação  a  esta
questão. 




       Procedimentos Básicos:
•  Trate  o  aluno  disléxico  com  naturalidade.  Ele  é  um  aluno  como  qualquer  outro;  apenas,
disléxico. A última coisa para a qual o diagnóstico deveria contribuir seria para (aumentar) a sua
discriminação,  
•  Use  a  linguagem  direta,  clara  e  objetiva  quando  falar  com  ele.  Muitos  disléxicos  têm
dificuldade  para  compreender  uma  linguagem  (muito)  simbólica,  sofisticada  e metafórica.  Seja
simples, utilize frases curtas e concisas ao passar instruções,
•   Fale olhando direto para ele. Isso ajuda e muito. Enriquece e favorece a comunicação,
•   Traga-o para perto da  lousa e da mesa do professor. Tê-lo próximo à  lousa ou à mesa de
trabalho  do  professor,  pode  favorecer  o  diálogo,  facilitar  o  acompanhamento,  facilitar  a
orientação, criar e fortalecer novos vínculos,
•  Verifique sempre e discretamente se ele demonstra estar entendendo a sua exposição.  Ele
tem  dúvidas  a  respeito  do  que  está  sendo  objeto  da  sua  aula?    Ele  com  segue  entender  o
fundamento,  a  essência,  do  conhecimento  que está  sendo  tratado? Ele  está  acompanhando  o
raciocínio,  a  explicação,  os  fatos?  Repita  sempre  que  preciso  e  apresente  exemplos,  se  for
necessário,
•  Certifique-se  de  que  as  instruções  para  determinadas  tarefas  foram  compreendidas.   O
que, quando, onde, como, com o quê, com quem, em que horário, etc. Não economize  tempo
para constatar se ficou realmente claro para o aluno o que se espera dele, 
•  Observe  discretamente  se  ele  fez  as  anotações  da  lousa  e  de maneira  correta  antes  de
apagá-la. O  disléxico  tem  um  ritmo  diferente  dos  não-disléxicos,  portanto,  evite  submetê-lo  a
pressões de tempo ou competição com os colegas,
•  Observe se ele está se integrando com os colegas. Geralmente o disléxico angaria simpatias
entre  os  companheiros. Suas  qualidades  e  habilidades  são  valorizadas,  o que  lhes  favorece  o
relacionamento.  Entretanto,  sua  inaptidão  para  certas  atividades  escolares  (provas  em  dupla,
trabalhos em grupo, etc.) pode  levar os colegas a  rejeitá-lo nessas ocasiões. O professor deve
evitar situações que evidenciem esse  fato. Com a devida distância, discreta e  respeitosamente,
deve contribuir para a inserção do disléxico no grupo-classe.  
•  Estimule-o, incentive-o, faça-o acreditar em si, a sentir-se forte, capaz e seguro. O disléxico
tem sempre uma história de frustrações, sofrimentos, humilhações e sentimentos de menos valia,
para a qual a escola deu uma significativa contribuição. Cabe, portanto, a essa mesma escola,
ajudá-lo a resgatar sua dignidade, a fortalecer seu ego, a (ri) construir sua auto-estima.
•  Sugira-lhe “dicas”, “atalhos”, “jeitos de fazer”, “associações”... que o ajudem a lembrar-se
de, a executar atividades ou a resolver problemas. 
•  Não  lhe  peça  para  fazer  coisas  na  frente  dos  colegas,  que  o  deixem  na  berlinda:
principalmente ler em voz alta.    4


•  Atenção:  em  geral,  o  disléxico  tende  a  lidar melhor  com  as  partes  do  que  com  o  todo.
Abordagens e métodos globais e dedutivos são de difícil compreensão para ele. Apresente-lhe o
conhecimento em partes, de maneira dedutiva.
•  Permita, sugira e estimule o uso de gravador,  tabuada, máquina de calcular,  recursos da
informática...
•  Permita, sugira e estimule o uso de outras linguagens. 

         O disléxico tem dificuldade para ler e entender o que lê. Assim      
          sendo,
•  Avaliações  que  contenham  exclusivamente  textos,  sobretudo  textos  longos,  não  devem  ser
aplicadas a tais alunos; 
•  Utilize uma única fonte, simples, em toda a prova (preferencialmente “Arial 11” ou “Times New
Roman 12”), evitando-se misturar  fontes e de  tamanhos, sobretudo às manuscritas  (itálicas e
rebuscadas);
•  Para  avaliações  ofereça  uma  folha  de  prova  limpa,  sem  rasuras,  sem  riscos  ou  sinais  que
possam confundir o leitor; 
•  Leia  a  prova  em  voz  alta  e,  antes  de  iniciá-la,  verifique  se  os  alunos  entenderam  o  que  foi
perguntado, se compreenderam o que se espera que seja feito (o que e como);
•  Destaque claramente o texto de sua(s) respectiva(s) questão(ões). 
•  Recorra  a  símbolos,  sinais,  gráficos,  desenhos,  modelos,  esquemas  e  assemelhados,  que
possam fazer referência aos conceitos trabalhados;
•  Não  utilize  textos  científicos  ou  literários  (mormente  os  poéticos),  que  sejam  densos,
carregados  de  terminologia  específica,  de  simbolismos,  de  eufemismos,  de  vocábulos  com
múltiplas  conotações...  para  que  o  aluno  os  interprete  exclusivamente  a  partir  da  leitura.
Nesses casos, recorra à oralidade; 
•  Evite estímulos visuais “estranhos” ao tema em questão;
•  Se utilizar figuras, fotos, ícones ou imagens, cuidar para que haja exata correspondência entre
o texto escrito e a imagem;
•  Dê preferência às avaliações orais, através das quais, em  tom de conversa, o aluno  tenha a
oportunidade de dizer o que sabe sobre o(s) assunto(s) em questão;
•  Não  indique  livros  apenas  para  leituras  paralelas. Dê  preferência  a  outras  experiências  que
possam  contribuir  para  o  alcance  dos  objetivos  previstos:  assistir  a  um  filme,  a  um
documentário,  a  uma  peça  de  teatro,  visitar  um  museu,  um  laboratório,  uma  instituição,
empresa ou assemelhado, recorrer a versões em quadrinhos, em animações, em programas de
informática; 

•  Ao empregar questões de falso-verdadeiro:   
1.  Construa  um  bom  número  de  afirmações  verdadeiras  e  em  seguida  reescreva  a
metade, tornando-as falsas;
2.  Evite o uso da negativa e também de expressões absolutas;
3.  Construa  as  afirmações  com  bastante  clareza  e,  aproximadamente  com  a  mesma
extensão;
4.  Inclua somente uma idéia em cada afirmação; 
                  5.   Evite formular questões negativas:
•  Ao empregar questões de associações:
1.  Trate de um só assunto em cada questão;
2.  Redija cuidadosamente os itens para que o aluno não se atrapalhe com os mesmos;

•  Ao empregar questões de lacuna:
3.  Use somente um claro, no máximo dois, em cada sentença;
4.  Faça  com  que  a  lacuna  corresponda  à  palavra  ou  expressão  significativas,  que
envolvam  conceitos  e  conhecimentos  básicos  e  essenciais  –  também  chamados  de
“ferramentas”, e não a detalhes secundários;
                  5.  Conserve a terminologia presente no livro adotado ou no registro  feito em aula.                        5
   
O disléxico tem dificuldade para reconhecer e orientar-se no espaço visual. Assim sendo,
•  observe as direções da escrita (da esquerda para a direita e de cima para baixo) em todo o corpo
da avaliação.

O disléxico tem dificuldade com a memória visual e/ou auditiva (o que  lhe dificulta ou  lhe  impede
de automatizar a leitura e escrita). Assim sendo,
•  Repita o enunciado na(s) página(s), sempre que se fizer necessário;
•  Não  elabore  avaliações  que  privilegiem  a  memorização  de  nomes,  datas,  fórmulas,  regras
gramaticais, espécies, definições, etc. Quando tais informações forem importantes, forneça-as ao
aluno  (verbalmente  ou  por  escrito)  para  que  ele  possa  servir-se  delas  e  empregá-las  no  seu
raciocínio ou na resolução do problema;
•  Privilegie a avaliação de conceitos e de habilidades e não de definições;
•  Permita a utilização da  tabuada, calculadora, gravador, anotações, dicionários e outros registros
durante as avaliações;
•  Dê instruções curtas e simples (e uma de cada vez) para evitar confusões;
•  Elabore questões em que o aluno possa demonstrar o que aprendeu completando , destacando,
identificando.

O  aluno  disléxico  ou  com  outras  dificuldades  de  aprendizagem  tende  a  ser  lento  (ou muito
lento). Assim sendo,
•  Dê mais tempo para realizar a prova;
•  Possibilite a  realização da prova num outro ambiente da escola  (sala de orientação, biblioteca,
sala de grupo); 
•  Elabore mais avaliações e com menos conteúdo, para que o aluno possa realizá-las num menor
tempo.

Considere que o aluno disléxico já tem dificuldades para automatizar o código lingüístico da usa própria
língua e isso se acentua em relação à língua estrangeira.

Considerando  que  a  avaliação  tem  a  finalidade  fundamental  de  adequar  os  processos  didáticos  às
necessidades  dos  alunos  (finalidade  reguladora),  devemos  cada  vez mais  destacar  a  necessidade  da
auto-regulação  dos  alunos,  para  adequar  os  próprios  processos  de  aprendizagem  e  poder  aprender.
Neste processo, a professora, os colegas e o próprio aluno, atuam como agentes, avaliando e refletindo
sobre como se desenvolve a tarefa, para poder fazer os ajustes em suas estratégias de aprendizagem de
maneira autônoma.

Alguns aspectos práticos a serem observados em relação à AVALIAÇÃO: 
•  Avaliar continuamente (maior número de avaliações e menor número de conteúdo);
•  Personalizar a avaliação sempre que possível. Desenhos, figuras, esquemas, gráficos e fluxogramas,
ilustram, evocam lembranças, ou substituem muitas palavras e levam aos mesmos objetivos; 
•  Quando for idêntica a dos colegas, leia você mesmo(a), os enunciados em voz alta, certificando-se de
que ele compreendeu as questões;
•  Durante a avaliação preste a assistência necessária, dê a ele chance de explicar oralmente o que não
ficou claro por escrito e respeite o seu ritmo;
•  Ao corrigi-la, valorize não só o que está explícito como  também o  implícito e adapte os critérios de
correção para a sua realidade;
•  Não faça anotações na folha da prova (sobretudo juízo de valor);
•  Não registre a nota sem antes: 
1.  Retomar a prova com ele e verificar, oralmente, o que ele quis dizer com o que escreveu;
2.  Pesquisar,  principalmente,  sobre  a  natureza  do(s)  erro(s)  cometido(s): Ex: Não  entendeu  o
que leu e por isso não respondeu corretamente ao solicitado? Leu, entendeu, mas não soube
aplicar  o  conceito  ou  a  fórmula?  Aplicou  o  conceito  (ou  a  fórmula),  mas  desenvolveu  o
raciocínio de maneira errada?  Em outras palavras: em que errou e por que errou? 
3.  Dê  ao  aluno  a  opção  de  fazer  prova  oral  ou  atividade  que  utilize  diferentes  expressões  e
linguagens.  Exigir  que  o  disléxico  comunique  o  que  sabe,  levante  questões,  proponha   6
problemas e apresente soluções exclusivamente através da leitura e da escrita é violentá-lo; é,
sobretudo, negar um direito – natural – de comunicar-se, de criar, de livre expressar-se. 

Educador  lembre-se que aqui estão alguns procedimentos para ajudá-lo na  sua prática do dia-a-dia,
sua experiência, seu  feeling e seu compromisso com o ato de educar,  também,  irão pesar de  forma
significativa.


Autores do Texto:  Psicóloga e Professora Ana Luiza Borba 
                                 Orientador Educacional e Prof.Mario Ângelo Braggio




Legislação de apoio para atendimento ao disléxico
 
LDB 9.394/96

Art. 12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de
ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua Proposta Pedagógica.
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento.
Art. 23 - A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos,
alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência
e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de
aprendizagem assim o recomendar.
Art. 24 - V, a) avaliação contínua e cumulativa; prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período.
 
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA)

Art. 53, incisos I, II e III
“a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – direito de ser respeitado pelos seus educadores;
III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores.”
 
Deliberação CEE nº 11/96

Artigo 1º - “o resultado final da avaliação feita pela Escola, de acordo com seu regimento, deve refletir
o desempenho global do aluno durante o período letivo, no conjunto dos componentes curriculares
cursados, com preponderância dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados
obtidos durante o período letivo sobre os da prova final, caso esta seja exigida, considerando as
características individuais do aluno e indicando sua possibilidade de prosseguimento nos estudos.”
 
Indicação CEE nº 5/98, de 15/4/98
D.O.E. em 23/9/98

“(...) educação escolar consiste na formação integral e funcional dos educandos, ou seja, na aquisição
de capacidades de todo tipo: cognitivas, motoras, afetivas, de autonomia, de equilíbrio pessoal, de
inter-relação pessoal e de inserção social.

(...) os conteúdos escolares não podem se limitar aos conceitos e sim devem incluir procedimentos,
habilidades, estratégias, valores, normas e atitudes. E tudo deve ser assimilado de tal maneira que   7
possa ser utilizado para resolver problemas nos vários contextos.

(...) os alunos não aprendem da mesma maneira e nem no mesmo ritmo. O que eles podem aprender
em uma determinada fase depende de seu nível de amadurecimento, de seus conhecimentos
anteriores, de seu tipo de inteligência, mais verbal, mais lógica ou mais espacial. No cotidiano da sala
de aula, convivem pelo menos três tipos de alunos que têm “aproveitamento insuficiente”: os
imaturos, que precisam de mais tempo para aprender; os que têm dificuldade específica em uma área
do conhecimento; e os que, por razões diversas, não se aplicam, não estudam, embora tenham
condições.

(...) recuperar significa voltar, tentar de novo, adquirir o que perdeu, e não pode ser entendido como
um processo unilateral. Se o aluno não aprendeu, o ensino não produziu seus efeitos, não havendo
aqui qualquer utilidade em atribuir-se culpa ou responsabilidade a uma das partes envolvidas. Para
recobrar algo perdido, é preciso sair à sua procura e o quanto antes melhor: inventar estratégias de
busca, refletir sobre as causas, sobre o momento ou circunstâncias em que se deu a perda, pedir
ajuda, usar uma lanterna para iluminar melhor. Se a busca se restringir a dar voltas no mesmo lugar,
provavelmente não será bem sucedida.

(...) O compromisso da Escola não é somente com o ensino, mas principalmente com a
aprendizagem. O trabalho só termina quando todos os recursos forem usados para que todos os
alunos aprendam. A recuperação deve ser entendida como uma das partes de todo o processo
ensino-aprendizagem de uma escola que respeite a diversidade de características e de necessidades
de todos os alunos.

(...) Dentro de um projeto pedagógico consistente, a recuperação deve ser organizada para atender
aos problemas específicos de aprendizagem que alguns alunos apresentam, e isso não ocorre em
igual quantidade em todas as matérias nem em épocas pré-determinadas no ano letivo. A
recuperação da aprendizagem precisa: - ser imediata, assim que for constatada a perda, e contínua;
ser dirigida às dificuldades específicas do aluno; abranger não só os conceitos, mas também as
habilidades, procedimentos e atitudes.

(...) A recuperação paralela deve ser preferencialmente feita pelo próprio professor que viveu com o
aluno aquele momento único de construção do conhecimento. Se bem planejada e baseada no
conhecimento da dificuldade do aluno, é um recurso útil.”
 
Parecer CEE nº 451/98 - 30/7/98
D.O.E. de 01/08/98, páginas 18 e 19, seção I

"a expressão '...rendimento escolar...' , que se encontra no inciso V do artigo 24 da Lei 9.394/96, se
refere exclusivamente a aprendizagem cognitiva? Resposta: Não. A legislação sobre
avaliação/verificação do rendimento escolar, sobretudo o referido artigo, não restringe a expressão
"rendimento escolar" exclusivamente à aprendizagem cognitiva.
A lei 9.394/96 ao tratar da educação básica, situou-a no quadro de abertura que permitiu, aos que
dela fossem cuidar, em seus diferentes níveis e modalidades, a pensasse como um todo e a
explicitasse, nos limites do seu texto, em sua proposta pedagógica e em seu regimento. Na
elaboração dessa proposta e desse regimento, consubstanciado certamente numa visão de homem,
de sociedade e, por conseqüência, numa concepção de educação e de avaliação, cuidados especiais
deverão ser tomados para que estejam contidos, nesses instrumentos, procedimentos referentes ao
processo ensino-aprendizagem, e em particular ao de verificação do rendimento escolar.

O legislador deixou sob a responsabilidade da escola e de toda sua equipe a definição do projeto de
educação, de metodologia e de avaliação a serem desenvolvidas. Abandonou detalhes para agarrar-
se ao amplo, ao abrangente. Aponta, por isso, para uma educação para o progresso, onde estudo e
avaliação devem caminhar juntos, esta última como instrumento indispensável para permitir em que
medida os objetivos pretendidos foram alcançados. Educação vista como um processo de
permanente crescimento do educando, visando seu pleno desenvolvimento, onde conceitos, menções   8
e notas devem ser vistos como mero registros, prontos a serem alterados com a mudança de
situação. E, nessa busca do pleno desenvolvimento e do processo do educando, estão presentes
outros objetivos que não só os de dimensão cognitiva mas os de natureza sócio-afetiva e
psicomotora, que igualmente precisam ser trabalhados e avaliados. O cuidado deve estar é no uso
que se pode fazer desta avaliação, não a dissociando da idéia do pleno desenvolvimento do
indivíduo."
 
Lei nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001 - Plano Nacional de Educação
Capítulo 8 - Da Educação Especial
8.2 - Diretrizes

A educação especial se destina a pessoas com necessidades especiais no campo da aprendizagem,
originadas quer de deficiência física, sensorial, mental ou múltipla, quer de características como de
altas habilidades, superdotação ou talentos.

(...) A integração dessas pessoas no sistema de ensino regular é uma diretriz constitucional (art. 208,
III), fazendo parte da política governamental há pelo menos uma década. Mas, apesar desse
relativamente longo período, tal diretriz ainda não produziu a mudança necessária na realidade
escolar, de sorte que todas as crianças, jovens e adultos com necessidades especiais sejam
atendidos em escolas regulares, sempre que for recomendado pela avaliação de suas condições
pessoais. Uma política explícita e vigorosa de acesso à educação, de responsabilidade da União, dos
Estados e Distrito Federal e dos Municípios, é uma condição para que às pessoas especiais sejam
assegurados seus direitos à educação.
Tal política abrange: o âmbito social, do reconhecimento das crianças, jovens e adultos especiais
como cidadãos e de seu direito de estarem integrados na sociedade o mais plenamente possível; e o
âmbito educacional, tanto nos aspectos administrativos (adequação do espaço escolar, de seus
equipamentos e materiais pedagógicos), quanto na qualificação dos professores e demais
profissionais envolvidos.
O ambiente escolar como um todo deve ser sensibilizado para uma perfeita integração. Propõe-se
uma escola integradora, inclusiva, aberta à diversidade dos alunos, no que a participação da
comunidade é fator essencial. Quanto às escolas especiais, a política de inclusão as reorienta para
prestarem apoio aos programas de integração.

(...) Requer-se um esforço determinado das autoridades educacionais para valorizar a permanência
dos alunos nas classes regulares, eliminando a nociva prática de encaminhamento para classes
especiais daqueles que apresentam dificuldades comuns de aprendizagem, problemas de dispersão
de atenção ou de disciplina. A esses deve ser dado maior apoio pedagógico nas suas próprias
classes, e não separá-los como se precisassem de atendimento especial.
 
Parecer CNE/CEB nº 17/2001
Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001

“O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve uma diversidade de necessidades
educacionais, destacadamente aquelas associadas a: dificuldades específicas de aprendizagem
como a dislexia e disfunções correlatas; problemas de atenção, perceptivos, emocionais, de memória,
cognitivos, psicolingüísticos, psicomotores, motores, de comportamento; e ainda há fatores ecológicos
e socio-econômicos, como as privações de caráter sociocultural e nutricional.”






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